sábado, 2 de março de 2013

Polonia & Eslovaquia - Montanhas TATRA

A trilha que fechou 2012 foi uma inesperada surpresa!
Como alguns dias de ferias pra queimar, resolvi ir pra um lugar legal que a passagem estivesse bem barata... A RyanAir me presenteou a Polônia por meros £20... Ida e volta. Inegável.
Até então não sabia muito sobre as belezas naturais da Polônia, mas um Google depois já estava vendo que era pra lá mesmo que iria.
O destino: as Tatras (ou Tatry)



Entre a Polônia e a Eslováquia ficam essas incríveis montanhas e seus abrigos. Com trilhas extremamente organizadas, são conhecidas por historias até meio trágicas, já que alguns picos são rochosos e complicados de se subir, e no inverno a neve toma conta e pode presentear umas avalanches.
O fato é que por falta de conhecimento sobre o local, fiz uma jornada extremamente curta, mas que serviu pra ao menos dar dicas pros próximos, e alimentar a vontade de voltar.
Comecei voando pra Varsóvia e de trem pra Zakopane, a vila de entrada pras montanhas, e no final passei pela Cracovia antes de voltar pra Varsóvia e pegar o avião.

Warsaw
O primeiro dia foi intenso em relação às viagens. Chegar em Stansted, pegar o vôo pra Modlin, de lá um ônibus pra estação de trem (muito charmosa) e entao, tentando entender e aceitar a dica do ticket office, peguei o próximo trem pra Varsóvia, sem esperar pelo que ia pra estação central. De lá mais um metro, uma caminhadinha e entao a mala foi trancada no locker! Ok, resumi das 7:45 am quando dai de casa, até umas 4:30 pm, quando tranquei a mala.
A partir dai foi por conta do Pocket Guide, o melhor guia turístico que qualquer viajante sozinho pode querer! O guia é um audio guide integrado ao GPS e com mapa. Ele te indica o caminho e vai falando sobre os pontos turísticos, mandando virar aqui ou ali, e as vezes olhar o mapa. Serio, é sensacional.
Fiz metade de um dos tours, enquanto ainda era dia. Passei por predinhos charmosos e com historias peculiares, toquei a campainha pra entrar em um pátio que tem uma casinha bacana (o guia que mandou! Coitadas das empresas que ficam ouvindo o interfone tocar com turistas), segui rumo ao Gueto dos Judeus já de noite, e confesso que receoso de onde o tour me levava. Em meio a prédios dentro de uma vila estilo "Cohab", eis que surge o tal muro do queto que ainda resiste em pé! Vale a ida! É tão tranquilo que tem um ponto de informação turística ali, mas terça a noite estava fechado, escuro e pouco convidativo.
Saindo dali achei que era hora de "almojantar", e segui para um restaurante próximo, bem conceituado no TripAdvisor, e obviamente nao teve erro! Comida FANTÁSTICA!
Já no Folk Gospoda (ul. Walicow 13, 00-865) experimentei o Pierogi e a panqueca de batata, que são sensacionais! Comecei com o Pierogi de chucrute com cogumelos, achando que viriam uns dois "pasteizinhos" de dumpling, mas vieram 5, o que já valeu quase uma refeição! Como nao tinha almoçado, me senti no direito de mais! Nao.. Nada de prato principal. Se a entrada é gigante nao quis nem ver o principal! Pedi outra entrada, desta vez da panqueca, com o molho recomendado pelo garçom como tradicional: cogumelos.



A viagem segue pra Zakopane, no Sul da Polônia e fronteira com a Eslováquia. Sigo de trem noturno com uma cabine individual para dormir (altamente recomendado para evitar furtos), em uma viagem de 9 horas, partindo 1h da manha!
Nao sabia bem como ia passar o tempo até o trem, mas o Shopping ao lado permanece com o Hard Rock Cafe aberto até tarde, o que garante a distração.
A estação central de Varsóvia é ótima e bem moderna! Banheiros limpissimos (como poucos no mundo!!) por 2zl, lockers 24h para as malas e bilheteria e cafe abertos depois da meia noite.
Daqui peguei o trem noturno para Zakopane, 1:18 am, para uma viagem de 9 horas!

Nem todo mundo aguentou acordado...



O trem nao parecia grandes coisas por fora, me indicaram minha cabine no ultimo vagao, e lá encontrei minha cama, uns cabides pra pendurar a roupa, um cafe da manha, sabonete e toalha de rosto. Nada mal!
O único inconveniente era a porta da cabine que só ficava fechada se estivesse trancada, e como nao da pra trancar por fora, ir ao banheiro se tornava uma tarefa de risco. Ainda bem que nada aconteceu.

Zakopane
Chegando em Zakopane, fui direto ao Top Hostel para largar a mala e tomar um merecido banho. A localização do Hostel é ótima, no meio da rua principal e próximo à rua da estação.
De lá parti para o reconhecimento da cidade, andando até o fim da rua para baixo, experimentei o tradicional queijo de cabra defumado que vendem a cada 15 metros na rua, e tomei uma cervejinha no Cube Cafe pra planejar os próximos passos.



Cube Cafe: péssimo local. Iam me servir uma cerveja que estava no balcão, quente, e quando reclamei, me deram uma menor pelo mesmíssimo preço! Mesmo totalmente descabido, simplesmente falaram que era assim... E pra evitar mais problemas, já que duas garrafas já estavam abertas, paguei e tomei.
De lá segui para a igreja de madeira, super charmosa e seu famoso cemitério, abrigando figuras importantes para o país, depois subi para o lado oposto da cidade, me perdendo por ruelas e tirando fotos das charmosas casinhas. Comi a famosa panqueca de batata, fucei as 1000 lojinhas pra turistas e cheguei ao ponto de informações turísticas do Parque Nacional das Montanhas Tatra.

Muito simpáticos e informativos! Passagem obrigatória para escolher seu mapa, pegar informações e regras do parque e discutir todas as suas duvidas.
Munido de mapa e um plano pro dia seguinte, parei em um Cocktail Bar! Nao.. Nao é isso. São restaurantes de sobremesas, que são feitas como coktail, em copos bem apresentados e com 1000 opções. Experimentei o strudell de maçã com creme de baunilha, sensacional, e por lá fiquei lendo meu livro.
A noite jantei no Sfinxz; um restaurante estilo americano com sanduíches, pizza, drinks e cervejas. Parti pra pizza marguerita com a local Okacim!
Dormi bem, apesar de uma figura bizarra que se encontrava no quarto fazendo todo tipo de barulho e grunhidos quando dormia. Apenas mais uma vez que os earplugs me salvaram horas de sono.
Na manha seguinte acordei 8:30 e rapidamente deixei minha mala no Hostel e parti de mochilinha pra montanha.
Um rápido cafe da manha no caminho da estação, e as 9:40 estava no ônibus a caminho de Morskie Oko!
Depois de 1 hora já tinha pago a entrada do parque (4zl) e estava na carroça sendo puxado por cavalos montanha acima.



Minha idéia inicial era subir caminhando, mas um cara do Hostel que estava a 4 semanas em Zakopane me deu a dica de que a trilha era uma estrada e nao valia a pena o tempo e desgaste de subir a pé... Bela dica! O caminho é uma estrada asfaltada cercada de pinheiros altos e nenhuma vista bacana. Leva umas 3h a pé e 1h de carroça... Os 40zl valeram a pena.
Chegando em Morskie Oko a idéia era deixar peso no abrigo e seguir pra alguma caminhada, mas a emoção foi maior do que a razão e ao chegar e ver o sol brilhando nas águas verdes do lago, com aquelas montanhas enormes se estendendo ao redor, pintadas de verde de um lado, e ficando nuas de rocha do outro, nos lugares mais altos. Comecei a rodear o lago tirando fotos, e quando cheguei no outro extremo, resolvi subir para o lago seguinte.
São 20-30 minutos de subida ingrime para chegar ao outro lago, que faz parte do caminho para o Rysi (montanha mais alta dos Tatras Poloneses) e de onde pode-se ver o vale todo do Morskie Oko e o refugio na beirada.




Como já eram 2pm, nao dava tempo de completar nenhuma outra trilha e voltar pro refugio, entao me aposentei. Cheguei, fiz check-in (50,30zl em quarto pra 6), larguei o peso, comi e tomei aquela gelada (Strong é uma cerveja mais encorpada e melhor pra quem quer sair das lagers normais).
O resto do dia foi curtir o visual, tirar fotos e botar esse relato em dia.
O refugio é simples e tem um quarto MUITO aconchegante! Janelas e uma varanda de frente, de cara, pro lago. Fiquei deitado na cama só olhando até cochilar... Vida mansa!
Foi anoitecendo, esfriando, e parti pro jantar antes que a cozinha fechasse as 7pm. Comi um delicioso Pork Chop (file de porco a milanesa) com chucrute e purê de batata. Ótimo, e 21zl.
Infelizmente inglês nao é o forte dos poloneses, entao mesmo sendo simpáticos, a conversa dura pouco com eles, entao resolvi completar esse relato na cama e dormir, pois o dia seguinte seria o mais pesado.
Cada vez que acordei durante a noite fiz questão de dar uma olhada pra fora. Por 50zl esse foi o "hotel" com a melhor vista que já fiquei na vida.
A luz da lua estava iluminando tudo, e cada vez que olhava ficava mais feliz com o lugar que estava... Acho que deu pra entender que é obrigação dormir ali, certo?

O segundo dia comecou cedo, ja que dormi bem cedo tambem, e apos um banho e fechar a mala, tomei meu cafe da manha no "terraco interno" do abrigo, onde voce pode calmamente aproveitar cada gole do cafe olhando o lago e as montanhas. Interessante notar que os montanhistas poloneses as 8h ja estavam na segunda garrafa de cerveja, antes de sair pra caminhar!

Parti rumo aos 5 Lagos, por uma trilha bem demarcada de pouco mais de 3 horas. A subida eh linda, e nao pode-se esquecer de parar e olhar pra tras de tempos em tempos, para ver o Morskie Oko de diferentes angulos e alturas, ateh a despedida quando se faz o contorno da proxima montanha, onde o foco muda para um belo canyon. Um pouco mais de subida e la no topo ja se avista os lagos! Que lugar incrivel!



Fui vagarosamente andando e parando pra tirar fotos enquanto descia rumo ao proximo refugio, que provavelmente nao teria uma cama para mim. Ao chegar mais perto notei uma cena um tanto quanto surreal: um ser vestido com roupas rudimentares estilo Game of Thrones pairava sobre a agua do congelante lago, com cara pintada, e um cajado a mao. No comeco nao entendi se era um tipo de espantalho, ou um louco, mas chegando mais perto vi que era realmente uma pessoa!



Nao, nao era um louco! Era uma producao de algum filme, e a equipe estava fora de vista ateh quando cheguei bem perto, o que deu ateh um certo alivio.

O abrigo nos Five Lakes eh um pouco mais simples e menor, porem servindo comida, cerveja e calor como o anterior. Tentei negociar um cantinho, mas realmente estava lotado, entao depois de um rapido lanche, parti de volta pra o local onde os onibus de Zakopane param.
A volta fiz em ritmo acelerado, sempre descendo, e cruzei com bastante gente penando numa subida beeeeem ingreme que chega aos 5 Lagos pelo outro lado. Nao recomendaria esta rota, pra evitar essa ladeira.
Chegando de volta a estrada, desci cruzando as carrocas que levavam e traziam as pessoas, e finalmente cheguei no local dos onibus, para voltar a Zakopane e dali seguir viagem pra Krakow (Cracovia).

Nao farei um relato da Cracovia, mas a Mina de Sal, o campo de concentracao de Auchwitz e o gueto judeu sao passagens obrigatorias, e a cidade eh realmente incrivel e vale a visita.

Quem sabe neste outono nao voltarei para completar as trilhas das Tatras!
Se tiver a oportunidade, nao perca!

Em breve mais fotos!