domingo, 20 de outubro de 2013

Speyside Way - Subindo o Rio Spey na Escocia


Neste outono a grande trilha da vez foi na maravilhosa Escocia! E digo isso porque realmente esse pais eh um paraiso para quem gosta de trilhas. Eles nao soh tem muitas, mas sao bem feitas, as vilas onde se para sao incriveis, e tudo eh muito bem organizado.

A Speyside Way eh uma trilha que segue o Rio Spey, o mais rapido de UK, e um dos mais limpos! A trilha eh toda auto-guiada, entao mesmo sem GPS ou mapa eh possivel ser feita, mas claro que em 7 dias e 136km fica facil perder um postinho da trilha e acabar errando, coisa que o GPS conserta facilmente.



A trilha pode ser feita de algumas formas diferentes:
- Descendo o rio, de Aviemore a Buckie
- Subindo o rio, na direcao oposta
- Incluindo o "spur" ou "alongamento" ateh Tomintoul ou nao.
- Caminhando de Grantown a Aviemore, ou fazendo uma parada extra em Boat o Garten, deixando os ultimos 10km pro dia seguinte.

A trilha que fizemos foi subindo o rio, de Buckie a Aviemore, em 7 dias de caminhada incluindo o spur para Tomintoul (8 noites), parando em Boat o Garten - e recomendo que facam o mesmo.

A maior parte do caminho eh plana, com dois dias de mais sobe e desce.



Dia 1: de Londres a Buckie

O dia começou cedo,  voando de Luton as 7h para Aberdeen. Depois de duas horas pra dar uma rápida visitada no belo centro da cidade e comprar os últimos detalhes, pegamos um trem em direção a Inverness, saindo em Keith.
Ao chegar lá iríamos pegar um ônibus, mas duas semanas antes ele deixou de fazer a rota para Buckie, então a única opção foi o táxi por £22 com um simpático velhinho de forte sotaque escocês, que veio nos contado sobre a trilha, uísque e linhas de trem antigas.
Buckie é uma vila muito charmosa, calma, cheia de igrejas de todos os tipos, e pouco o que fazer, além de passear pela costa e experimentar uma boa refeição no Hotel Highlander. O único pub legal que encontramos também foi lá, então vale a passagem.
Nosso B&B (Rosemount) também recomendou o café Emma's, com vista para o mar,  e outro que estava fechado.
Depois de pouco dormir e muito viajar, dormimos bem para acordarmos em tempo de tomar um full Scottish breakfast cheio de energia para a caminhada.





Dia 2:  Buckie a Fochabers

O primeiro dia de caminhada mesmo começou bem! Depois de um belíssimo full Scottish breakfast, com ovos, salsicha, bacon, frutas e etc, deixamos as malas na recepção, de onde seriam levadas ao próximo B&B, e partimos pela costa, rumo a Spey Bay, onde o Rio Spey desagua no mar (Moray Firth).
A caminhada é plana e fácil, e apesar de estar ventando bastante, a temperatura estava ótima e o sol aparecia ora dar uma esquentadinha.
A primeira parada foi em Spey Bay, no Dolphin Centre, onde tem um café e uma lojista, além de um tal de laboratório subterrâneo frio que estava fechado e não esperamos o tour. Ao redor o Rio desagua no mar, em um local de onde se avista golfinhos (com sorte). É possível emprestar binóculos de graça pra tentar achar um.
Ali sentamos na beira do mar para um almoço.
Continuando o caminho, passa-se q andar na beira do belo rio, e vale dar um pulinho na margem para uma pausa e descanso.. Na GPS track você vai ver um cotovelo com uma parada na beira do rio, onde dei uma parada.
Fochabers é uma vila charmosa, com uma bela praça principal, e um povo mais do que simpático. É notável como o escocês é extremamente aberto a uma conversa e têm simpatia de sobra!
Ao chegarmos em nosso hotel, The Grant Arms, fomos recebidos como reis! Depois de deixarmos nossas malas e irmos ao excelente bar, ganhamos um Macallan 40 Anos de boas vindas.. Enquanto degustavamos a iguaria, fomos falando com um, outro, mais um escocês do bar, é nos divertimos muito com eles! Até cachorro tinha por lá! Depois de ganharmos mais um drink, depois de umas cervejas, foi hora de partir pro jantar e cama!





Dia 3: Fochabers a Craigellachie

O terceiro dia foi um pouco mais puxado. Depois de outro excelente full Scottish breakfast, partimos para 21km até Craigellachie. A trilha tinha outro visual e passamos em meio a florestas de Pinheiros, pastos, mansões e tivemos uma vista linda do Rio Spey até o mar, de cima de um morro. Marquei na track o local para se parar e almoçar.. A vista de linda.
Ao chegar em Craigellachie, fomos ao Speybank B&B: fantástico.
Super aconchegante, com uma bela cama, sala de TV ótima.. Show de bola!
De lá partimos para o Highlander Inn, que é um dos 51 bares do mundo que são Gold em um negócio de uísque. Resumindo, um vasto menu de uísque escocês e japonês (sim, a maior coleção de uísque japonês da Europa, ou algo assim) e um bom Rango. Comi meu primeiro tradicional Haggis Neep's and Tatties da viagem. Muito bom!
Experimentei também uma IPA local de primeiríssima linha!



Dia 4: Craigellachie a Ballindalloch

Depois de uma confortável noite e um delicioso café da manhã com ciabata de bacon e brie, hora de partir para a primeira destilaria: Aberlour, depois de uns 45 minutos de caminhada. (permita 1h pra ir com calma)

ABERLOUR
Destilaria da Pernod Richard, grande (mas não muito), em uma vila linda, vale a visita. Um tour super completo e divertido, com degustação de 6 doses no final. Super educativo, nos deixando experimentar o wash (suco do malte fermentado) e na degustação a Spirit, o álcool produto da segunda destilação (o heart, não o head ou tail), que tem graduação alcoólica próxima a 70%, mas que já carrega características da destilaria. Além disso experimentamos um puro bourbon Cask, um Sherry Cask e o 12, 16 e Abunah.
Os dois single Cask você pode comprar, engarrafar, lacrar, aplicar o rótulo e registrar a compra lá mesmo!
Em Aberlour vale comprar o almoço em um empório super antigo que tem lá. Coisa linda e com ótimas opções... Lá também compramos o vinho do jantar, já que ficaríamos na Cragganmore House, que não vende bebida alcoólica.
A caminhada foi fantástica. Na beira do rio, com belas pontes, gramados, casas e vilas! Uma parte especial que começa a aparecer são as antigas estações de trem, que são charmosas e reconstruidas, como a Tamdhu, que também é uma destilaria que não visitamos, e Blackboat.
Depois de um longo dia chegamos em Ballindalloch (outra estação) e de lá fomos à Cragganmore House, antiga casa John Smith, fundador da Cragganmore Distillery, e colada a ela.
Esse B&B merece menção honrosa por ser o melhor da viagem! Uma casa de filme, extremamente aconchegante, super antiga e tradicional. Uma viagem no tempo. Mas como se não bastasse, é também de um famoso chef da região, portanto a refeição ali é sensacional.







Dia 5: De Ballindalloch / Cragganmore a Tomintoul (Spur) 

O quanto dia foi um dos Spurs (extensão) da Speyside Way. O trecho vai de Ballindalloch a Tomintoul, passa na parte mais alta da trilha e é bem longo. Pra completar, o tempo que nos abençoava com sol e calor virou por completo e o caos se instaurou.
Como não somos de desistir, pegamos nossos impermeáveis, demos tchau pra nossa querida hostess e partimos! Claro que precisávamos de uma força, então a primeira coisa depois do café da manhã foi a Cragganmore Distillery

CRAGGANMORE DISTILLERY
A Cragganmore é imperdivel. Um ótimo complemento à Aberlour, já que é menor e mais íntima. Fizemos um  tour exclusivo as 10am, com uma guia muito simpática, e aprendemos tudo que não aprendemos na Aberlour. A degustação de 3 uísques foi ótima, e o Distillers Edition foi meu favorito. Provamos também o 12 e o 21.
De lá partimos em direção à Glenlivet, metade do caminho, onde iríamos almoçar.
A caminhada começou tranquila com um chuvinha leve, mas ao subirmos a montanha a história mudou... O pior dia de tempo coincidiu com o dia mais "aberto" e desprotegido da viagem, e a chuva passou a ser de mini granizos e os ventos de até 70km/h. Claro que a essa altura minha calça deixou de ser impermeável e passei a andar congelando e pisando em uma piscina de água. A sensação térmica próxima a zero grau passou a drenar toda a energia e nos vimos praticamente correndo para sair daquela situação.
Os 12km até Glenlivet foram dolorosos. Chegamos ensopados, casados e congelados, e ali almoçamos e nos recompomos, terminando com um tour e  um táxi para Tomintoul por £30.


GLENLIVET DISTILLERY
Também da Pernod Richard, a Glenlivet é um gigante moderno. Bem maior e totalmente automatizada, também faz o tour parecer assim. Eles tem tanta gente visitando que têm tour de 20 em 20 minutos, e o guia parecia em piloto automático...
Interessante a comparação com uma Cragganmore, e sempre bom provar um 12, um Nadurra 16 e um 18.
Mal conhecemos Tomintoul, mas fomos a um pub simples e bem legal e de lá cama.
Ficamos em um B&B bem simples chamado Argyle e fomos muito bem recebidos pela dona que foi muito simpática! O quarto não era lá essas coisas, mas o café da manhã era esplêndido.

Dia 6: Tomintoul a Ballindalloch de táxi e Ballindalloch a Grantown on Spey 

Depois de um dia ensopados foi dia de uma longa caminhada com períodos de chuvinha. Foi lindo. Essa caminhada passa por uma variedade enorme de lugares e cenários. O tempo também passou por isso.. Tivemos de chuvinha a sol, passando por chuva com sol e arco íris completo.
Depois de pastos, sobe e desce de morros, floresta de Pinheiros e muitas vistas incríveis, continuamos andando.. Mais e mais. Neste dia os guias estão errados e a distância é maior do que falam.. Terminamos o dia com mais de 26km andados, e meu joelho que tinha começado a doer na noite pós tempestade não aguentou bem o dia e depois de tomar um banho e esfriar eu fiquei manco e com muita dor neles.
Depois de jantar no imperdível Craig Bar com suas pies caseiras incríveis, suas cervejas e whisky locais e o maluco gente boníssima do dono que interage com tudo e todos, tomei Ibuprofeno pra ver se meu joelho reagiria e demos o dia por encerrado.
O B&B da vez foi o Kinross. Fomos mais bem tratados do que em qualquer outro. Nosso quarto teve um upgrade, a dona super atenciosa lavou e secou nossas calças e botas, e o quarto era perfeito!





Dia 7: Grantown on Spey a Boat o Garten 

Amanheci, ao contrário das expectativas, com o joelho bem melhor ao invés de pior. O problema é que ainda doía e o dia era de uma longa caminhada... Com medo de ter algum problema maior, resolvemos encurtar um pouco o trecho. A primeira parte da trilha acompanha a estrada, então optamos pelo ônibus até o ponto em que a trilha parte para o meio de uma reserva ambiental e o ônibus iria por fora.
Valeu a pena! O dia estava lindo outra vez e a caminhada foi ótima!
O ponto alto foi o Loch Garten, que é um lago bem grande no meio da mata, totalmente preservado, calmo e vazio. Demais!
De lá fomos a Boat, que é bem legal - a cidade começa com um bar chique pronto pra servir aquela cerveja local, e ali mesmo fica a estação de trem da Strathspey Steam Railway. Uma Maria Fumaça que ainda faz o trajeto de lá até Aviemore.
Nosso B&B foi o Moorfield que era super gostoso! O bônus foi para a sala de estar deles que tinha umas belas poltronas, como sempre, mas com serviço de bar até as 11pm. Ficamos ali lendo e provando um dram de Bowmore 15, eleito o melhor peaty malt da viagem.





Dia 8: Boat o Garten a Aviemore 

O último dia era de uma curta caminhada.. Por volta de 10km.
Acordamos mais tarde que o normal, tomamos nosso café e partimos pra estação de trem, onde pudemos ver a Maria Fumaça chegar a partir!
De lá seguimos para Aviemore em uma trilha bem família, com bicicletas e pessoas passando por lá o tempo todo.
Mais uma bela caminhada com florestas super charmosas.. Coisa de filme.
Chegamos em Aviemore na hora do almoço e paramos para um aperitivo no Winking Owl, que tem boas cervejas!
De lá deixamos as coisas no hotel e dispensamos os trajes de caminhada. Era o fim da Speyside Way!
Aviemore é uma vila / resort de ski. Tem uma atmosfera totalmente diferente das outras vilas. Ficamos num dos 4 hotéis do resort da Macdonald, e era meio ruim. Chegamos a dar um relax na piscina e fazer uma sauna, o que foi um belo encerramento da caminhada, mas sair do resort é a melhor opção.
Fomos no Old Bridge Inn, que é um pub mega animado com música ao vivo e DJ tocando uma boa seleção, onde degustamos algumas cervejas artesanais locais.
De lá ainda paramos no Caingorm Hotel para um último dram antes de nos despedirmos da Speyside Way.



Dia 9: Aviemore a Londres
Fim de jogo. Tomamos um café da manhã sem o charme dos dias anteriores.. Só aquele buffet enorme de resort meia boca, pegamos um Megabus em direção a Edinburgh, de onde pegamos o trem pra Londres.

As distancias oficiais que nos passaram eram as abaixo, mas pelo GPS vimos que eles subestimam a maioria!


Minha track esta no EveryTrail, mas usei a deste link como base pra eu ir - nao tem waypoints, mas eh mais limpa do que a minha, apesar de em alguns lugares ser diferente da trilha marcada.
Utilizei a empresa AbsoluteEscapes para reservar os B&Bs e carregamento da mala entre as cidades. O servico foi otimo!


Mapas: levei um guia e um mapa da trilha tambem, que sao muito bons:
Guia: tem o mapa completo em escala menor, mas descreve muito bem cada dia de caminhada, com dicas de pontos para se desviar um pouco do caminho para conhecer coisas interessantes.
Mapa: o mapa completinho da trilha, dividido por dia, em maior escala.

Todas as fotos na pagina do Facebook!

domingo, 13 de outubro de 2013

GPS Apps pra trilhas e Hiking

Se você gosta de mapear onde anda, com certeza já baixou apps pra isso.
Resolvi escrever sobre alguns que conheço, recomendo e uso. Claro que você pode preferir e conhecer outros, então comente outros bons.
Lembrando que são os que recomendo para trilha, caminhadas ou mesmo turismo, mas não vou entrar no mérito de específicos para os diferentes tipos de esporte.. Bike, Corrida, etc.

View Ranger
Comecei a usar recentemente e é muito bom. Fácil de mexer, permite baixar mapas para uso offline, importar e exportar tracks, e até baixar mapas premium, pagos, para fazer trilhas (ao menos em UK, o Ordinance Survey)

Locus
Talvez um dos apps mais completos para mapas e navegação, mas um pouco complicado de usar. Fiquei surpreso quando comecei a usar pois ele faz literalmente tudo, mas é bem chato de aprender como.. Parece que foi feito por fantásticos developers, mas faltou um UX Designer pra facilitar o uso.
Se o View Ranger não tiver alguma função que você queira, o Locus tem.
Eles tem também vaaaarios add ons, que não testei.

Everytrail Pro
Acho o site do Everytrail o melhor para dividir as tracks, como venho fazendo nesse blog. O app é ótimo pra gravar sua track e ir batendo fotos no caminho, já que fica tudo junto no site e bem legal de dividir com as pessoas.
O que ele não tem é um controle bom de importar tracks e baixar mapas, ou seja, é melhor pra CRIAR tracks do que para usar como navegação.

MyTracks
Esse app do Google parece deixar o celular lento e consumir muita bateria.. Recomendo não usar!

Google location reporting
Dito isso, o Google tem a função de dividir sua localização com eles em aparelhos Android. Tudo acontece no background e onde vc anda vai pro seu location history. Você pode ver no GMaps exatamente por onde andou em qualquer dia. Meio assustador? Mas útil..
Mais útil ainda é o add on do Locus que permite ver essa informação no app deles.

quinta-feira, 16 de maio de 2013

San Felice Circeo, Itália

E lá fui eu em busca de sol e praia, já que tinha uma reunião em Roma segunda feira.
Peguei as dicas com uma amiga italiana e parti pra San Felice, como eles chamavam lá.
A idéia era simples, do aeroporto direto pra Circeo, curte uma praia, sobe o Monte Circeo e segunda toca pra reunião.
Do aeroporto de Fiumicino peguei o Leonardo Express pra Roma Termini e de lá outro trem pra Terracina. A idéia seria pegar um ônibus de lá pra Circeo, mas era sábado e ia demorar 3h pro próximo. Paguei um táxi e fui. O trajeto todo deve levar ao menos 3h, já que o trem parou próximo a Terracina e seguimos de ônibus.
Circeo é uma praia em uma pequena vila, com hotéis na beira-mar e restaurantes no pé da areia. No canto o Monte Circeo exibe sua beleza!
Já havia baixado a trilha no Everytrail e iria no dia seguinte. Poucas pessoas falavam inglês, mas por sorte havia um filho de brasileiro morando lá, e me ajudou com algumas dúvidas. A principal era como chegar na base do Circeo, já que não eram 20 min de caminhada até ele, e não queria perder tempo em avenidas.
A resposta é: Circeo não tem táxi... Nem ônibus!! 

Trilha que baixei antes de ir!

A solução foi botar a mochila nas costas e sair cedinho caminhando e pedindo carona. Como a trilha começava do lado mais afastado do meu hotel, preferi seguir o mesmo percurso e terminar perto, já que não sabia se teria transporte de volta caso fosse pro outro lado... Melhor arriscar cedo do que tarde.
Após 25 minutos de caminhada pela principal avenida da cidade, um italiano boa alma de deu carona até a base!
A trilha começa tranquila, mas logo vira à direita e começa uma grande subidas até o primeiro pico. A subida é de terra e pedra, o que a faz ser bem cansativa. Ao longo da trilha toda existem marcações em árvores e pedras, o que permite fazer sem mapa.


Próximo ao primeiro pico a vista já recompensava muito!




Seguindo adiante, passa-se por mais dois picos, até chegar no topo do Circeo!! Ali parei para comer junto com dois ou três grupos de italianos. Eu estava me deliciando com um salame e umas torradeiras, quando um Italian ficou com pena do meu almoço e me serviu um copo de vinho e um sanduíche com uma pasta de salame sensacional! Povo gente fina!!!



De lá me falaram que não tinha mais trilha, que iriam descer.. Mas meu GPS falava que tinha até o outro lado, perto do hotel. Achei estranho e fui olhar.. A partir dali a trilha já não era demarcada, e claramente menos usada, mais fechada. Por falta de informação, não deu pra seguir de papete e bermuda.. O mato era alto e sabe-se lá se teria alguma escalada mais pra frente. Vou perguntar pro dono da track e ver se descubro alguma coisa.
De lá desci bem rápido e fiquei pedindo carona na estrada, sendo atacado por mini taturanas que infestavam o local e por alguma razão gostavam de subir no meu pé!



Um pessoal da ONU de deu carona de volta, muito simpáticos!
De lá foi só curtir a praia, comida e voltar pra reunião. Então já sabe.. Se for pra Roma e quiser praia e trilha, Circeo é um ótima! Talvez ainda melhor alugando um carro.


Minha trilha com fotos!

Um belo fim de tarde!

sábado, 2 de março de 2013

Polonia & Eslovaquia - Montanhas TATRA

A trilha que fechou 2012 foi uma inesperada surpresa!
Como alguns dias de ferias pra queimar, resolvi ir pra um lugar legal que a passagem estivesse bem barata... A RyanAir me presenteou a Polônia por meros £20... Ida e volta. Inegável.
Até então não sabia muito sobre as belezas naturais da Polônia, mas um Google depois já estava vendo que era pra lá mesmo que iria.
O destino: as Tatras (ou Tatry)



Entre a Polônia e a Eslováquia ficam essas incríveis montanhas e seus abrigos. Com trilhas extremamente organizadas, são conhecidas por historias até meio trágicas, já que alguns picos são rochosos e complicados de se subir, e no inverno a neve toma conta e pode presentear umas avalanches.
O fato é que por falta de conhecimento sobre o local, fiz uma jornada extremamente curta, mas que serviu pra ao menos dar dicas pros próximos, e alimentar a vontade de voltar.
Comecei voando pra Varsóvia e de trem pra Zakopane, a vila de entrada pras montanhas, e no final passei pela Cracovia antes de voltar pra Varsóvia e pegar o avião.

Warsaw
O primeiro dia foi intenso em relação às viagens. Chegar em Stansted, pegar o vôo pra Modlin, de lá um ônibus pra estação de trem (muito charmosa) e entao, tentando entender e aceitar a dica do ticket office, peguei o próximo trem pra Varsóvia, sem esperar pelo que ia pra estação central. De lá mais um metro, uma caminhadinha e entao a mala foi trancada no locker! Ok, resumi das 7:45 am quando dai de casa, até umas 4:30 pm, quando tranquei a mala.
A partir dai foi por conta do Pocket Guide, o melhor guia turístico que qualquer viajante sozinho pode querer! O guia é um audio guide integrado ao GPS e com mapa. Ele te indica o caminho e vai falando sobre os pontos turísticos, mandando virar aqui ou ali, e as vezes olhar o mapa. Serio, é sensacional.
Fiz metade de um dos tours, enquanto ainda era dia. Passei por predinhos charmosos e com historias peculiares, toquei a campainha pra entrar em um pátio que tem uma casinha bacana (o guia que mandou! Coitadas das empresas que ficam ouvindo o interfone tocar com turistas), segui rumo ao Gueto dos Judeus já de noite, e confesso que receoso de onde o tour me levava. Em meio a prédios dentro de uma vila estilo "Cohab", eis que surge o tal muro do queto que ainda resiste em pé! Vale a ida! É tão tranquilo que tem um ponto de informação turística ali, mas terça a noite estava fechado, escuro e pouco convidativo.
Saindo dali achei que era hora de "almojantar", e segui para um restaurante próximo, bem conceituado no TripAdvisor, e obviamente nao teve erro! Comida FANTÁSTICA!
Já no Folk Gospoda (ul. Walicow 13, 00-865) experimentei o Pierogi e a panqueca de batata, que são sensacionais! Comecei com o Pierogi de chucrute com cogumelos, achando que viriam uns dois "pasteizinhos" de dumpling, mas vieram 5, o que já valeu quase uma refeição! Como nao tinha almoçado, me senti no direito de mais! Nao.. Nada de prato principal. Se a entrada é gigante nao quis nem ver o principal! Pedi outra entrada, desta vez da panqueca, com o molho recomendado pelo garçom como tradicional: cogumelos.



A viagem segue pra Zakopane, no Sul da Polônia e fronteira com a Eslováquia. Sigo de trem noturno com uma cabine individual para dormir (altamente recomendado para evitar furtos), em uma viagem de 9 horas, partindo 1h da manha!
Nao sabia bem como ia passar o tempo até o trem, mas o Shopping ao lado permanece com o Hard Rock Cafe aberto até tarde, o que garante a distração.
A estação central de Varsóvia é ótima e bem moderna! Banheiros limpissimos (como poucos no mundo!!) por 2zl, lockers 24h para as malas e bilheteria e cafe abertos depois da meia noite.
Daqui peguei o trem noturno para Zakopane, 1:18 am, para uma viagem de 9 horas!

Nem todo mundo aguentou acordado...



O trem nao parecia grandes coisas por fora, me indicaram minha cabine no ultimo vagao, e lá encontrei minha cama, uns cabides pra pendurar a roupa, um cafe da manha, sabonete e toalha de rosto. Nada mal!
O único inconveniente era a porta da cabine que só ficava fechada se estivesse trancada, e como nao da pra trancar por fora, ir ao banheiro se tornava uma tarefa de risco. Ainda bem que nada aconteceu.

Zakopane
Chegando em Zakopane, fui direto ao Top Hostel para largar a mala e tomar um merecido banho. A localização do Hostel é ótima, no meio da rua principal e próximo à rua da estação.
De lá parti para o reconhecimento da cidade, andando até o fim da rua para baixo, experimentei o tradicional queijo de cabra defumado que vendem a cada 15 metros na rua, e tomei uma cervejinha no Cube Cafe pra planejar os próximos passos.



Cube Cafe: péssimo local. Iam me servir uma cerveja que estava no balcão, quente, e quando reclamei, me deram uma menor pelo mesmíssimo preço! Mesmo totalmente descabido, simplesmente falaram que era assim... E pra evitar mais problemas, já que duas garrafas já estavam abertas, paguei e tomei.
De lá segui para a igreja de madeira, super charmosa e seu famoso cemitério, abrigando figuras importantes para o país, depois subi para o lado oposto da cidade, me perdendo por ruelas e tirando fotos das charmosas casinhas. Comi a famosa panqueca de batata, fucei as 1000 lojinhas pra turistas e cheguei ao ponto de informações turísticas do Parque Nacional das Montanhas Tatra.

Muito simpáticos e informativos! Passagem obrigatória para escolher seu mapa, pegar informações e regras do parque e discutir todas as suas duvidas.
Munido de mapa e um plano pro dia seguinte, parei em um Cocktail Bar! Nao.. Nao é isso. São restaurantes de sobremesas, que são feitas como coktail, em copos bem apresentados e com 1000 opções. Experimentei o strudell de maçã com creme de baunilha, sensacional, e por lá fiquei lendo meu livro.
A noite jantei no Sfinxz; um restaurante estilo americano com sanduíches, pizza, drinks e cervejas. Parti pra pizza marguerita com a local Okacim!
Dormi bem, apesar de uma figura bizarra que se encontrava no quarto fazendo todo tipo de barulho e grunhidos quando dormia. Apenas mais uma vez que os earplugs me salvaram horas de sono.
Na manha seguinte acordei 8:30 e rapidamente deixei minha mala no Hostel e parti de mochilinha pra montanha.
Um rápido cafe da manha no caminho da estação, e as 9:40 estava no ônibus a caminho de Morskie Oko!
Depois de 1 hora já tinha pago a entrada do parque (4zl) e estava na carroça sendo puxado por cavalos montanha acima.



Minha idéia inicial era subir caminhando, mas um cara do Hostel que estava a 4 semanas em Zakopane me deu a dica de que a trilha era uma estrada e nao valia a pena o tempo e desgaste de subir a pé... Bela dica! O caminho é uma estrada asfaltada cercada de pinheiros altos e nenhuma vista bacana. Leva umas 3h a pé e 1h de carroça... Os 40zl valeram a pena.
Chegando em Morskie Oko a idéia era deixar peso no abrigo e seguir pra alguma caminhada, mas a emoção foi maior do que a razão e ao chegar e ver o sol brilhando nas águas verdes do lago, com aquelas montanhas enormes se estendendo ao redor, pintadas de verde de um lado, e ficando nuas de rocha do outro, nos lugares mais altos. Comecei a rodear o lago tirando fotos, e quando cheguei no outro extremo, resolvi subir para o lago seguinte.
São 20-30 minutos de subida ingrime para chegar ao outro lago, que faz parte do caminho para o Rysi (montanha mais alta dos Tatras Poloneses) e de onde pode-se ver o vale todo do Morskie Oko e o refugio na beirada.




Como já eram 2pm, nao dava tempo de completar nenhuma outra trilha e voltar pro refugio, entao me aposentei. Cheguei, fiz check-in (50,30zl em quarto pra 6), larguei o peso, comi e tomei aquela gelada (Strong é uma cerveja mais encorpada e melhor pra quem quer sair das lagers normais).
O resto do dia foi curtir o visual, tirar fotos e botar esse relato em dia.
O refugio é simples e tem um quarto MUITO aconchegante! Janelas e uma varanda de frente, de cara, pro lago. Fiquei deitado na cama só olhando até cochilar... Vida mansa!
Foi anoitecendo, esfriando, e parti pro jantar antes que a cozinha fechasse as 7pm. Comi um delicioso Pork Chop (file de porco a milanesa) com chucrute e purê de batata. Ótimo, e 21zl.
Infelizmente inglês nao é o forte dos poloneses, entao mesmo sendo simpáticos, a conversa dura pouco com eles, entao resolvi completar esse relato na cama e dormir, pois o dia seguinte seria o mais pesado.
Cada vez que acordei durante a noite fiz questão de dar uma olhada pra fora. Por 50zl esse foi o "hotel" com a melhor vista que já fiquei na vida.
A luz da lua estava iluminando tudo, e cada vez que olhava ficava mais feliz com o lugar que estava... Acho que deu pra entender que é obrigação dormir ali, certo?

O segundo dia comecou cedo, ja que dormi bem cedo tambem, e apos um banho e fechar a mala, tomei meu cafe da manha no "terraco interno" do abrigo, onde voce pode calmamente aproveitar cada gole do cafe olhando o lago e as montanhas. Interessante notar que os montanhistas poloneses as 8h ja estavam na segunda garrafa de cerveja, antes de sair pra caminhar!

Parti rumo aos 5 Lagos, por uma trilha bem demarcada de pouco mais de 3 horas. A subida eh linda, e nao pode-se esquecer de parar e olhar pra tras de tempos em tempos, para ver o Morskie Oko de diferentes angulos e alturas, ateh a despedida quando se faz o contorno da proxima montanha, onde o foco muda para um belo canyon. Um pouco mais de subida e la no topo ja se avista os lagos! Que lugar incrivel!



Fui vagarosamente andando e parando pra tirar fotos enquanto descia rumo ao proximo refugio, que provavelmente nao teria uma cama para mim. Ao chegar mais perto notei uma cena um tanto quanto surreal: um ser vestido com roupas rudimentares estilo Game of Thrones pairava sobre a agua do congelante lago, com cara pintada, e um cajado a mao. No comeco nao entendi se era um tipo de espantalho, ou um louco, mas chegando mais perto vi que era realmente uma pessoa!



Nao, nao era um louco! Era uma producao de algum filme, e a equipe estava fora de vista ateh quando cheguei bem perto, o que deu ateh um certo alivio.

O abrigo nos Five Lakes eh um pouco mais simples e menor, porem servindo comida, cerveja e calor como o anterior. Tentei negociar um cantinho, mas realmente estava lotado, entao depois de um rapido lanche, parti de volta pra o local onde os onibus de Zakopane param.
A volta fiz em ritmo acelerado, sempre descendo, e cruzei com bastante gente penando numa subida beeeeem ingreme que chega aos 5 Lagos pelo outro lado. Nao recomendaria esta rota, pra evitar essa ladeira.
Chegando de volta a estrada, desci cruzando as carrocas que levavam e traziam as pessoas, e finalmente cheguei no local dos onibus, para voltar a Zakopane e dali seguir viagem pra Krakow (Cracovia).

Nao farei um relato da Cracovia, mas a Mina de Sal, o campo de concentracao de Auchwitz e o gueto judeu sao passagens obrigatorias, e a cidade eh realmente incrivel e vale a visita.

Quem sabe neste outono nao voltarei para completar as trilhas das Tatras!
Se tiver a oportunidade, nao perca!

Em breve mais fotos!